segunda-feira, 16 de junho de 2008

SEMINÁRIO: FERREIRA GULLAR, LÚCIA PIMENTEL GÓES E ZIRALDO

Quarta Mesa Redonda – 24/04: Ferreira Gullar (Um gato chamado Gatinho), Lúcia Pimentel Góes (Vira, Vira, Vira Lobisomem; Ponto por ponto, Costura Pronta) e Ziraldo (O menino mais bonito do mundo; Além do Rio)

Mediadores: Juliana Matheus Pires, Fabiana Ozai Motta, Marcos Fonseca e Elisa Hiromi Arakaki.

Nossa quarta mesa redonda trouxe mais três grandes e inovadores autores que nos privilegiam com suas belas obras literárias.
Sabe-se que a literatura infantil pré-lobatiana diferia muito da que encontramos hoje. Era mais, como diriam os debatedores, “quadradinhas” e bem menos atraentes. Atualmente a nova palavra de ordem da produção literária é “criatividade”, e isso é o que não falta nesses autores, como veremos.
Ferreira Gullar (pseudônimo de José Ribamar Ferreira) esteve envolvido em várias fases poéticas. Iniciou escrevendo poesia de vanguarda por volta de 1960 –70, escrevendo muitos poemas políticos. Mais adiante em sua carreira, apesar de não ser poeta infantil, decidiu escrever um livro voltado ao público jovem cujo título é o nome de seu animalzinho de estimação: “Um gato chamado Gatinho”. Uma obra encantadora, ilustrada por Ângela Lago, com a qual o poeta procura prender a atenção da criança através do bom humor e de várias expressões que lembram o universo infantil. As imagens são excepcionais, pois fascinam e a atraem a criança para esse divertido universo literário.
Do mesmo modo, Lúcia Pimentel Góes, professora livre docente aposentada da Universidade de São Paulo, trabalha com símbolos e metáforas que prendem a criança à leitura. Vira, Vira, Vira Lobisomem, por exemplo, possui um rico conteúdo simbólico a respeito da vida humana, pois a cada sete anos o menino protagonista se transforma em um animal totalmente ligado à fase da vida na qual se encontra: aos sete anos se transforma num gavião (relacionado talvez aos olhos atentos da ave, como a criança em sua fase de descobertas); aos catorze anos transforma-se num leão (rebeldia adolescente?); aos vinte e um se transforma em um zangão e descobre o amor, e assim sucessivamente, até se metamorfosear em uma borboleta e morrer (o peso dos anos o abandonou, deixando-o livre). Portanto, associar os animais à própria vida é um desafio à criança, mexendo, logicamente, com sua capacidade de raciocinar.
O livro Ponto por Ponto, Costura Pronta traz outra novidade: através da brincadeira popularmente conhecida por lengalenga, a autora joga com as palavras, usando a repetição como estímulo à imaginação e à memorização.
Ziraldo, por sua vez, publicou seu primeiro desenho na Folha de Minas aos seis anos de idade e a partir de 1979 dedicou-se exclusivamente ao público infantil. O Menino mais bonito do mundo, lançado em 1983, foi ilustrado por uma criança de nove anos, que retratou a fase infantil do personagem, e pelo artista plástico Sami Mattar, responsável pelas ilustrações correspondentes à fase adulta do protagonista, o que fez com que dois pontos de vista se intercalassem: o infantil e o adulto.
Seu outro livro Além do Rio, que descreve o Rio Amazonas a partir do olhar de um extraterrestre, apresenta também uma relação entre imagem e palavra muito forte e significativa, pois a união de ambos é fundamental para a compreensão da história.
Assim, pode-se concluir que a imagem nas histórias infantis é, quando não indispensável, ao menos parte essencial para a compreensão e atração do pequeno público.

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